O DILEMA DOS CAMIONISTAS FASE A COVID-19 EM ANGOLA

Tal como o mundo o desconhecimento da Covid-19 em Angola também patente, apanhando todos desprevenidos, indefesos e indignados perante um inimigo desconhecido. O Estado de Emergência Decretado, com o fundamento no facto de que a República de Angola atravessava no presente momento uma situação de iminente Calamidade Pública em todo o Território Nacional, com a duração de 15 dias, iniciando-se às 00h00 do dia 27 de Março de 2020 e cessando às 23h59 do dia 11 de Abril de 2020, podendo ser prorrogado nos termos da Lei.

O INICIO

A data de 25 de Março 2020, tornou-se inesquecível para população em Angola, o Decreto Presidencial nº81/20 mudou por completo a rotina das pessoas.

Tal como o mundo o desconhecimento da Covid-19 em Angola também patente, apanhando todos desprevenidos, indefesos e indignados perante um inimigo desconhecido. O Estado de Emergência Decretado, com o fundamento no facto de que a República de Angola atravessava no presente momento uma situação de iminente Calamidade Pública em todo o Território Nacional, com a duração de 15 dias, iniciando-se às 00h00 do dia 27 de Março de 2020 e cessando às 23h59 do dia 11 de Abril de 2020, podendo ser prorrogado nos termos da Lei.

A função pública, os órgãos de segurança, os particulares, os vendedores, os artistas, as empresas de construção, as escolas / universidades e outras, como camionistas e Igrejas não foram poupadas.

Jorge, encontrou a notícia em casa, dada pela esposa que ouvira e actualizou-se nos meios de informação. Jorge viu-se a rasca até porque tinha mercadoria no camião, um frete que acabara de fazer para levar a Saurimo, província da Lunda Sul. Foi informado que o famoso voo da companhia aérea angolana (TAAG), que colocará o Aeroporto em pânico trazendo as primeiras pessoas com a covid-19 vindas de Portugal.

O caos estava lançado, um desafio apresentado pelas restrições e quarentenas, estradas bloqueadas por carros, blindados, separadores, militares e polícias de elite estavam na rua a restringir o direito das pessoas de livre circulação. Com o passar dos dias, bairros como Hoje-Ya-Henda, Futungo, Cassenda, Talatona e até mesmo zonas da Centralidade do Kilamba. Jorge fazia contas a vida.

A FALSA DEMOCRACIA DOS EPIROCRATAS

Num país de informações fabricadas o povo vive de falsas perspectivas, augurando dias melhores vindas no dizer dos epirocratas bajuladores, vendem ao povo a falsa sensação de nacionalismo, patriotismo e superioridade a outras culturas/povos. Mas, a verdade é que este país formou ciclos fechados e viciosos, a desigualdade, a concorrência desleal, o nepotismo e acima de tudo, fez pessoas ricas e milionárias do dia para noite. Pessoas endinheiradas ilicitamente, fazendo com outros grupos sejam submetidos através da intolerância originando o fanatismo dos mais pobres e miseráveis, criaram a contra informação sobretudo quando o assunto é má governação e corrupção, originando um poder é centralizado e autocrático em que só um toma as decisões.

A VERGONHA DO SISTEMA E OS ACTOS DE CURRUPÇÃO DOS EPIROCRATAS

Um país considerado um dos mais ricos de África, mais com um índice de desenvolvimento humano, educacional e saúde bastante débil, tornando-o num dos piores do continente.

Angola, há um tempo atrás vem registando escândalos fortes de corrupção dentro de altas figuras governamentais e das altas patentes das Forças Armadas Angolanas e da Policia Nacional. Sobe liderança do actual presidente João Lourenço dirigentes têm sido notificados e julgados pela primeira vez na história de Angola. Sendo o ex-ministro dos Transportes “Augusto Tomás,” o primeiro dirigente mais 2 réus a ser julgado e condenado a 14 anos de prisão, sob a acusação de peculato, branqueamento de capital, associação criminosa e artifícios fraudulentos para desviar fundos do Estado no caso do Conselho Nacionais de Carregadores (CNC). Provocando um prejuízo ao Estado Angolano de mais de mil milhões de kwanzas (o equivalente a 13 milhões de euros).

Outro caso que abalou a sociedade é o famoso caso GRECIMA, envolvendo o antigo PCA da Rádio Nacional de Angola, ex-ministro da Comunicação Social Manuel rebelais, e porta-voz da Presidência da República no anterior presidente José Eduardo dos Santos, até a acusação e condenação exercia o cargo de Deputado Assembleia Nacional pelo MPLA. Defraudou ao Estado Angolano em mais de 22,9 mil milhões de kwanzas (24,4 milhões de euros) das divisas recebidas do Banco Nacional de Angola (BNA). Condenado a 14 anos prisão. 

O caso 500 milhões do Fundo Soberano, envolvendo o filho do presidente cessante José Eduardo dos Santos, Filomeno dos Santos, presidente do Fundo Soberano de Angola, juntamente com o seu amigo vigarista Suiço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais e envolvendo ainda na data dos factos o Sr. Walter Filipe então Governador do Banco Nacional de Angola. Sendo que o Estado diz que recuperou uma parte do dinheiro, condenado a 5 anos de prisão.

Um dos casos mais debelado é o do ex-presidente do Conselho Administração da Sonagol, antigo Vice-Presidente da República e Deputado a Assembleia Nacional, Sr. Manuel Vicente, implicado em vários crimes de corrupção, estando sobre investigação em Portugal na operação FIZZ. Um dos homem forte do China Internacional Fund (CIF), empresa Chinesa com activos angolanos e vários negócios que lesaram ao Estado em milhões. Não pode ser julgado sem antes passar 5 anos data que termina a imunidade. É o mais rico entre todos os angolanos, vence Isabel dos Santos e demais bilionários em Angola, com fortuna acima de um bilhão de dólares, tendo comprado recentemente um palácio de 16 milhões de dólares no Dubai enquanto angolanos prostituem-se, vivem da miséria e alimentam-se do lixo e em casas de chapas sem água nem energia.

Sr. Manuel Vicente

Isabel dos Santos, primogénita de José Eduardo dos Santos, ex-presidente da República, desviou mais de 100 milhões de dólares da Sonangol para o Dubai enquanto Presidente da Petrolífera Nacional Sonangol, no dia em que o pai saio do poder. Edeltrudes Costa, foi Secretário-geral de José Eduardo dos Santos, desempenhou a função de Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Questiona pelo facto de um empresário assinar contratos milionários junto a um governo que ele mesmo integra. Também faz parte da equipa do actual presidente, seu nome encontra-se mergulhado em um escândalo milionário tendo em sua posse 20 milhões de euros, segundo denuncia e publicação em diários do país.

Até as missões diplomáticas angolanas não estão isentes dos escândalos de corrupção, recentemente o Cônsul de Angola no Congo, fugiu com mais de 400 mil dólares, segundo o ministro na altura, Manuel Augusto, algumas embaixadas, a falta de verbas também se deve ao alegado desvio de fundos por parte de alguns chefes de missões. E que 12 embaixadas estavam sobre investigação.

Uma operação denominada “Caranguejo” desmantelou uma rede de corrupção envolvendo altas patentes militares na Casa de Segurança da Presidência da República. O que culminou com a detenção de Pedro Lussati, chefe da Banda Musical da Presidência da República, major das Forças Armadas Angolanas, no acto de detenção tinha em sua posse duas malas de dinheiro no valor de 10 milhões de dólares (equivalente a 8,1 milhões de euros), com malas de dinheiro em todas as suas casas, dinheiro em porta-bagagem de carros top de gama, luxo o que originou a exoneração de generais. Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Gen. Pedro Sebastião, Tenente General José Manuel Felipa Fernandes, Secretario geral da Casa de Segurança. Tenente General João Francisco Cristóvão, director de Gabinete do Ministro do Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança. Tenente General Paulo Maria Bravo da Costa, Secretario para a Logística e Infra-estruturas da Casa de Segurança do Presidente da República. Brigadeiro José Barroso Nicolau, Assistente Principal de Secretaria para Assuntos dos Órgãos de Inteligência e Segurança de Estado da CSPR. Caixas seladas de kwanzas seriem 2020, cerca de USD 700 milhões dos 1 bilhões que saíram dos cofres do Banco Nacional de Angola (BNA).

Domingos Jerónimo, presidente do cofre de previdência da Policia Nacional, acusa a direcção cessante de não ter um documento que supervisionasse às receitas e cabimentasse as despesas. Mergulhando as finanças numa situação catastrófica num valor de 1 milhão de dólares americanos. Governantes há, que têm mais de 70 prédios mais de 8 a 12 andares, vivendas em tudo quanto é canto do país, terrenos que não acabam mais de tão vasto que são. 99% dos dirigentes angolanos levaram somas avultadas para o exterior do país, dinheiro este que não mais voltará.  

O CONFLITO ENTRE AS PARTES

No momento o assunto discutido entre a chamada alta sociedade até a baixa era acerca do dinheiro arrecadado nas operações contra o combate a corrupção (dinheiro arrecadado nas Lundas do garimpo-operação transparência, o dinehrio saído do Mártires de Kifangondo dinheiro retirado do mercado informal a titulo de exemplo). A verdade é, mesmo em tempos da covid-19 carros top de gama têm entrado no país, Luanda é das cidades de África que mais carros luxo, top de gama circulam nas em suas ruas.

Estas inquietações surgem pelo facto do governo angolano lançar uma campanha de ajuda para receber doações da população para ajudar no combate a covid, publicando inclusive as coordenadas bancárias, numa altura difícil para os cidadãos com a subida dos preços dos alimentos essenciais até mesmo do pão.

A DOR DOS CAMIONISTAS NUMA SOCIEDADE PERVERSA

Jorge e os demais camionistas têm realizado movimento frenético de camiões, rasgando todos os dias as estradas do país transportando mercadorias diversas em condições precárias. Estradas esburacadas e estreitas, falta de pontes e sinalização nas vias, falta de pontos de socorro a longo das vias como postos e centros médicos bem como pessoal de saúde têm sido um problema para os camionistas.

“De forma a facilitar o processo e atender as necessidades das famílias foi decretado que os testes à covid-19 seria gratuito a camionistas e ajudantes transportadores de serviços essências para quadra festiva, como alimentos, bebidas, combustível, produtos decorativos, brinquedos, dentre outros bens específicos. A luz do Decreto Presidencial 314/20, de 10 de Dezembro.”

1º Dia no local da testagem

O facto de Jorge dormir sabendo que a classe foi ouvida e respeitada pelas autoridades troce um alívio suave e cheio de esperança para ele. Saber que amanha irá fazer o teste, pelo qual, resultado negativo poderia pegar o seu caminhão e levar a mercadoria a Saurimo, era uma grande vitória.

Chegando às 7h45 apercebeu por meio dos demais camionistas que a aquela hora já era tarde para o efeito, que pessoas há que passaram a noite no local e nada. Entre conversa e mais conversa, as horas passavam e contavasse aos dedos os que foram testados. A luta já não era fazer o teste, mas evitar contacto por que era muita gente, uns sem mascara facial, outros sem álcool em gel sem respeitava as regras do distanciamento. Jorge não quis acreditar que saiu às 5h45 de casa / Viana, mais concretamente no Capalanca, zona perigosa. Ora perguntava ao seu ajudante, ora a si mesmo como seria o processo em outras províncias? Se Luanda esta assim imagina lá? O nepotismo parece ser a tónica dominante porque camionistas vindos a qualquer hora acompanhados de bilhetinhos, ora por meio de telefonemas no local faziam o teste não importando a hora. Jorge e demais aperceberam-se que muitos dos seus colegas trabalham para as mesmas pessoas que criavam as leis, criando a concorrência desleal.  

2º Dia no local da testagem 

Jorge e seu ajudante Kinito, não dormiram, fazendo de tudo para estar no local no mínimo às 3h30 ou 4h00 da manha. Chegando a hora marcada, eles estavam a entrar no quintal do local de testagem, para a surpresa o local estava cheio, parecia que ninguém dormiu. Tentando falar com o guarda de como os lugares já estarem ocupados acabou sendo agredido verbalmente. Entre especulações no local há mesmo quem defendia que os técnicos de saúde estavam a cobrar valores. Ele não queria acreditar, e citava as palavras do secretário do Secretário de Estado para Saúde Pública, Franco Mufinda, que falava na habitual sessão de actualização dos dados da Covid-19 em Angola, que os testes seriam grátis. Então como é possível cobrarem uma coisa que esta decretada? Kinito apercebendo-se da inquietação do patrão relembrou dos postos de testagem, sendo Maria Teresa (Estrada Nacional 230, Luanda/Cuanza Norte/Malanje), Cabo Ledo (troço que liga Luanda/Cuanza Sul/Benguela) e no Panguila (Luanda/Bengo/Uíge). Resalvando ainda Centro Laboratorial de Diagnóstico de Viana (Zona Especial Económica – ZEE), na Base de Logística da Transful (Via Expressa, Benfica/Cacuaco) e na Base Logística da LTI (Sequele, Cacuaco), em Luanda.

Jorge, juntasse a um grupo de camionistas revoltados com a situação e as injustiças mais foram logo neutralizados pelos serviços de protecção no local, sendo acusados de arruaceiros e terem recebido dinheiro a terceiros para criarem tumulto e mancharem o processo que segundo os totalitários e demagogos estava tudo a decorrer muito bem.

Após sararem os ânimos, chegou a notícia que um dos motoristas que ele conhecera e conversara no dia anterior, fora assassinado ao sair de casa, a falta de iluminação pública e a falta de esquadra policial contribuíram para a acção dos marginais que mesmo pegando o telefone e o dinheiro acabaram por tirar a vida dele. Jorge chorava não só pela perda de mais um companheiro de estrada, mas pela intolerância e indiferencia dos governantes e das instituições que nada fazem para garantir a segurança, protecção do indivíduo que paga impostos e não tem um serviço público com as mínimas condições. Faltando de quase tudo, energia, água, saúde, educação, habitação e afins, enquanto uns gozam boa vida, esbanjam vivendo em condomínios de alto padrão rodeados por casas de chapas.     

Denúncia de Fraude

Várias foram as instituições sobretudo privadas que denunciaram haver fraudes na testagem da covid-19 aos Camionistas. Instituições como o Jornal O PAÍS, portais angola-online.com, Xé-Agora Aguenta, levantaram as suas vozes por meio da escrita.

Jorge e os demais camionistas acabam sendo as vítimas de uma política débil, intolerante, centralista, elitista enfim, segundo Jorge Mayala e companheiros, sofrem ao pensar que são excluídos socialmente e que a sua voz não é ouvida. A doença existe, mais a fome em seus lares é uma realidade e a única maneira de minimizar o problema é fazer-se a estrada vezes sem conta, mas encontra-se impedido por uma cerca sanitária. Tal como Jorge, os camionistas estão revoltados não só por não realizar os testes à covid-19, mas pelo facto de uns terem privilégios e outros não num país tão rico.  

3º Dia no local da testagem

Aborrecidos pela situação vivida, sentados a beira da estrada na Escola Nacional de Saúde Pública em Luanda, Jorge e companheiros denunciam aos órgãos informativos que os técnicos de saúde estariam a cobrar /vender testes da covid-19 entre 5.000,00 a 7.000,00 kz (cinco mil kwanzas a sete mil kwanzas). Não ficando por ai, Jorge revoltado diz ainda que enchentes, longas filas de pessoas, não cumprimento das medidas de biossegurança, tem sido o retrato diário deste cenário triste. Martinho, outro camionista que conhece Jorge por meio do asfalto, que por sinal o mais radical denuncia que vive na Centralidade da Marconi, três dias consecutivo deslocou-se ao local e hoje acabou por dormir lá e ainda assim não conseguiu testar. Acusam os técnicos de saúde de ignorar o Decreto Presidencial. Defendem que alguns chegam a pagar 10 à 15.000,00 kz (dez a quinze mil kwanzas). Isto é desumano diz ele, existe produtos a se estragarem, enquanto estamos retidos os camiões deles passam a barreira/ controle muitas vezes sem testes e vão vender produtos nas províncias. Os documentos solicitados equiparam-se como se estivessem a viajar para o exterior. Jordão chorava pelo facto da mercadoria perecíveis estar a se estragar

Jorge hoje tem 54 anos, entrou nesta vida com 24, hoje lembra as histórias dos caministas que tiveram que circular pelo país em tempo de guerra. Lembra da crise dos camionistas em Benguela com o surgimento dos namibianos e chineses, onde a solução para muitos foi apostarem em levar produtos na República Democrática do Congo. Lembra da família com sorriso no rosco, mostra que o principal medo é de não voltar a velos, mais que a ideia de viajar e conhecer novos lugares são factores que o atraem nessa profissão. Conta que chegar até Zenza do Itombe era luta. Com os auscultadores ligados ao celular Jorge procura informar-se e apercebesse através do noticiário que de acordo com a representante da “FAO em Angola, Gherda Barreto, disse que o novo corona vírus esta colocando vidas e meios de subsistência em risco”. Jorge impávido olhava para as diversas mercadorias em camiões e procurava posicionar-se.

Com pensamento distante e défices de ser interpretados, Jorge e seu ajudante são surpreendidos por uma chamada. Ambos fazem o teste, pensava por que fora escolhido e não os que ele já encontrara? A final como ele e outros poucos os ditos arruaceiros foram silenciados com os testes.

AUTORITARISMO E A IMPUNIDADE 

A prerrogativa do uso da força ou IUS BELLI não se aplica apenas em questões estaduais, prova disso, é a arrogância demonstrada pelos representantes dos órgãos de segurança que mostravam-se impunes as atrocidades cometidas. A Policia Nacional prometeu rigor contra incumpridores, que a incorporação seria implacável, segundo o responsável, a Policia Nacional seria firme na sua missão para assegurar que as orientações resultantes da actualização do Decreto Presidencial sobre as medidas de protecção contra a covid-19, fossem cumpridas a medida. Existe uma desavença entre o que se decreta e a realidade vivida pelos camionistas. Motoristas acusam as autoridades e técnicos de saúde de violarem constantemente o Decretos Presidenciais. Jorge Mayala, não tem culpa por ser um motorista e da sua família depender directamente do trio das estradas simbolizadas pelos controlos fronteiriços a nível das províncias. Obrigados a pagar 6. 000 000 / 10 000 000 (Kwanzas) cada.

A REVOLTA NO VOLANTE DE UM CAMIÃO  

Com a mão no volante e pé no acelerador, Jorge procurava recuperar o tempo perdido, em direcção a Catete/ Lunda Sul é a meta, passando Pelo Kwanza-Norte, Malanje e subir a Saurimo e fazer a entrega do produto, depois descer até ao Bengo rumo a Cabinda, passando pela fronteira do Luvu, República Democrática Congo e entrar a Cabinda para entregar produtos diversos e receber o valor do frete. Com nostalgia lembra das paragens feitas em Catete para descansar e recuperar as energia e reabastecer os camiões, depois de terem vencido os engarrafamentos da cidade de Luanda… lembra dos velhos amigos Zé Toy, Carlitos Puma, Ndala Minguês que foi morto por não usar mascara facial, primo do Bento Minguês, agora oficial superior das forças armadas que já não conhece ninguém, tantos outros, mais o velho amigo Rufino Cachinguenje, ou simplesmente Cachi, de 61 anos, cumpriram a vida militar juntos, ambos colocados na área dos transportes onde percorreram o país de lés-a-lés. 

Hoje a guerra é outra diz ele ao ajudante, é invisível, uns beneficiam-se e outros perdem. Interrogava se realmente a doença existia! Kinito o ajudante, que parecia ser mais um leigo na matéria naquele dia falou sobre politica dizendo: Quando um país faltar a Saúde, Educação e Justiça deve-se desconfiar dos políticos. Jorge ficou calado a olhar para ele sem dizer nada. Mas pensava consigo mesmo. Ele tem razão…, estes são princípios básicos e essenciais para todo e qualquer país.

Eh… Kinito, será que esta doença existe ou estão a brincar connosco? Sei que ela levou o meu amigo Cachinguenje, nem tempo deu para se despedir, ele culpava-se pelo facto de não levar o amigo ao tratamento caseiro. Durante quatro horas sem ser assistido, horas de terror, desespero no corredor de um hospital. É revoltante dizia ele. Tudo numa só pessoa, perdeu a filha a três semanas, saiu de casa com cólicas, foi ao hospital, aplicaram-lhe três balões de soro com dose para adultos, passando a noite a esforçar os polmões por que não conseguia respirar e a indiferença dos enfermeiros que viriam aplicar o oxigénio no dia seguinte as 06h00, e não aguentando perdeu a vida e o hospital para fugir das suas responsabilidades coloca como causa da morte covid-19, hoje o pai que por sinal meu amigo, meu irmão e meu camarada. Sentindo uma mal-estar após a refeição no posto de controlo e evacuado ao hospital três horas depois. Três hora perdidas no posto de controle e mais quatro no hospital totalizam sete horas sem atendimento. Como é possível um hospital não ter médicos ou enfermeiros especializados?

INJUSTIFICAÇOES DOS GASTOS E DOAÇÕES

Tal como Jorge, Kinito e tantos outros, revoltam-se com o pedido do governo, notificando-os a através de SMS aos telemóveis dos cidadãos pedindo doações, inclusive enviaram o IBAM. Até os principais partidos mostraram o seu descontentamento. Fonte: internet DW.news

Jorge fazia contas a vida, o gasto do colégio dos filhos braço de ferro entre os encarregados de educação e os colégios que estavam a cobrar mesmo sem ter estudado, e a falta de posicionamento do estado. Lembrava ele e juntava as peças e viu que os mesmos dirigentes do estado seriam os mesmos donos/patrões dos colégios. Mas a faculdade da esposa, internet e televisão a comida, a renda da casa e a construção da casa própria. O executivo diz que disponibilizou 32.000.000,00kz (Trinta e dois mil milhões de kwanzas), segundo a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, “um único paciente chega a gastar mais de 16.000.000,00 kz (dezasseis milhões de kwanzas) ” por dia (cerca de 26 mil euros).

Após varias interrogações sobre os recursos disponibilizados para a prevenção e o combate ao novo corona vírus a população é informada que os pacientes estão estáveis, sendo assim os cidadãos questionam se os 16 Milhões de Kwanzas são gastos diariamente com que tipo de medicamentos visto estar estáveis? Em uma entrevista à Televisão Pública de Angola, a Ministra referiu que o valor disponibilizado pelo governo foi também cabimentado uma boa parte em logística, formação e infraestruturas, para a prestação de um serviço de qualidade. Jorge revoltasse, “perguntando-se qual qualidade?” Se foi denunciado nas redes sociais a indiferença dos médicos a uma jovem que supostamente estava infectada com covid-19! O acto foi desumano sendo ela mesma a tirar a roupa, subiu no carro e aplicar o oxigénio e os técnicos de saúde a distância a orienta-la apontando com um pau / vara. Isto é desumano dizia. Neste sentido o que te mata não é a doença são os maus tratos, a indiferencia deste pessoal despreparado.   

Olha, 4,5 mil milhões de dólares cerca de 3,7 mil milhões de euros é o equivalente que o Fundo Monetário Internacional injetados a Angola para combater à covid-19. Relatos chegam de que outras instituições internacionais ajudaram e têm ajudado o governo com somas avultadas de dinheiro para o combate a covid-19, o que carece de clareza e justificação. Deve-se saber a origem, valor real, aplicação dentre outros. Noticias vinculadas em diferentes órgãos de informações, sobretudo a Euronews “os Estados Unidos ajudaram Angola no combate à Covid-19 com 20 Milhões de Dólares (17 Milhões de Euros)”. Ainda foi reforçado queMoçambique e Angola – iriam receber ajuda americana para o combate ao covid-19 / recebendo em conjunto mais de três milhões de dólares de ajuda de Emergência de Saúde e Humanitária como parte de ajuda inicial dos Estados Unidos avaliado em quase 300 Milhões de dólares aos países do mundo afectados pelo covid-19. Para não falarmos da ajuda dada pelo governo marroquino em material de biossegurança, a comunidade Mauritânia e tantas outros.Os órgãos de fiscalização do Estado deviam prestar maior atenção às despesas públicas associadas ao combate à Covid-19.

O DESCASO DAS AUTORIDADES

O mundo reclamou das vacinas da AstraZeneca, países há que o estado tiveram a amabilidade de informar ao povo os prós e contra o que não aconteceu em Angola. Por e simplesmente as autoridades dizem “a vacina é segura, então aconselho a apanharem”.. Denúncia dizem que em cerca sanitárias de Luanda a cada 15 minutos, mais de 100 pessoas fazem a travessia sem guia de marcha, nem testes. Várias atrocidades são cometidas na cerca sanitária mais ninguém diz nada.  

FIM DE CONTAS

A vida e a movimentação dos camionistas são definidas por uma politica de estado, variando pela forma estranha de contagio da doença. Como dezenas de camionistas Jorge estava parado a espera de autorização para passar a cerca sanitária. Em plena quinta-feira, 13 de Maio de 21, Jorge lutava pela transposição da barreira no controlo de Zenza do Itombe.

Jorge soube que durante a noite sem a presença da imprensa as pessoas vão passar sem problema. O movimento de pessoas gerou reflexões contraditórias entre oficiais da polícia no terreno. Uns defendiam o cumprimento rigoroso das medidas, outros pediam alguma cedência. Jorge não quis acreditar perante tanto descaso, pessoas vindas de longe sem comida e sem dinheiro para o retorno perante um posto de controlo sem condições logísticas. Muitos assintomáticos convivem com as comunidades. Soube que neste posto a reposição dos testes nem sempre acompanham a dinâmica do consumo, chegando a atingir mais de 300 provas por dia. Outra realidade que chegou até Jorge e demais camionistas é a prolongada permanência no espaço de indivíduos que testaram positivo. Outro caso caricato contado por Honorato, considerado o camionista rei das pistas por causa do seu gesto peculiar de conduzir, diz que na semana passada 12 camionistas que testaram positivo, mas assintomáticos, ficaram aqui retido no controlo à espera da ambulância do INEMA durante três dias, sem alimentação. Por fim, os familiares arranjaram viaturas e vieram buscá-los, sem sabermos o seu destino. Honorato acrescenta que quando chove, os doentes de covid-19 saem da tenda de isolamento onde existem só 5 assentos, acomodam-se num alpendre e juntam-se a outras pessoas entre civis e agentes em serviço. Revela ainda que, durante a permanência no controle, os que reagiram positivamente ao teste Elisa utilizavam a casa de banho de serviço, disponível para todos. Jorge infelizmente testemunhou a evacuação de sete cidadãos camionistas e taxistas que testaram positivo e tiveram de aguardar 24horas pela chegada de duas ambulâncias do INEMA.

Como sempre Jorge cada vez mais inquietasse com a situação, e como sempre questionas “devia se dar tratamento específico para os cidadãos do campo que leva comida para Luanda, por serem iletrados e a maior sem acesso aos meios de comunicação, como rádio, Tv e jornais, através das quais são divulgadas as medidas adoptadas pelo Governo. Acredito que haja alguma falta de informação no campo sobre o assunto: tem de haver transmissão da mensagem em residências, recursos a megafones, panfletos e outros meios com impacto nas comunidades rurais, disse.”Jorge segui viagem ao seu destino, a incerteza diz-lhe que não sabe se voltara a passar novamente tão cedo nesta posto cheio de histórias hilariantes que é o Zenza do Itombe, este posto que tira o sono a muitas gente, entre eles camionistas, comerciantes, viajantes mostram-se perplexo. Mas perplexo ainda foi saber que as autoridades da Republica Democrática do Congo passaram a não aceitar os testes da covid-19 feitos em Angola. Os motoristas são obrigados a fazerem os seus testes custando 45 dólares cada e os congoleses pagam menos.

O DRAMA COLECTIVO

Sabe-se que atrocidades são cometidas todos os santos dias, o modo vivend angolano tem muito a ver com o posto ou função a desempenhar, tem muito a ver com o sobrenome familiar. A vida é definida segundo o estatu social e poder financeiro, por isso camionistas e não camionistas sofrem as atrocidades de uma política demagoga que protege uns e não todos. O descontentamento vê-se no rosto de cada angolano, quer os que estão empregados quer os desempregados, os 500 milhões de dólares do Fundo Soberano, os 13 milhões de euros do CNC, 24,4 milhões de euros do Grecima, 100 milhões da Sonangol, os 16 milhões na compra de um palácio e mais de 1 bilhão de USD em posse, os 20 milhões de um único individuo ou mesmo os 400 mil dólares e mais de bilhões de dólares do major que no fundo defende interesses de generais serviriam para o governo dar melhor tratamento ao covid-19, como facilitação nos testes e vacinas para os camionistas, dava para melhorar as condições das estradas, criação de postos de socorro (postos e centros médicos), criação de escolas o que facilitaria a vida de Jorge que pagava o privado para os filhos. Muitos camionistas tal como Jorge vive em casa de rendas, com milhares de casas e apartamentos fechadas. Com este dinheiro evitava com que o país contraísse dividas sobretudo do FMI e da China. Com este dinheiro devia se apostar na justiça através de formações e campanhas e incentivo / ajuda de custo aos camionistas nesta fase difícil que estão a passar bem como diminuir o índice de pobreza da população e baixar o índice de suicídio.

O angolano vive nos dias de hoje debaixo da miséria, muitos sobrevivem com uma refeição dia, o plástico, o ferro e o cobre tornaram-se o negócio emergente do angolano.


As Consequências da Cleptocracia em Angola